terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Já estou nu

Uma pequena ilustração - caso real.

Meu neto Gustavo, de 3 anos, bateu na porta do quarto dos pais querendo entrar.
Meu filho, o Felipe, então respondeu:
- Não pode entrar meu filho, pois estou me arrumando e sua mãe tomando banho. Estamos nus.

A criança bem ligeirinha tirou o short e gritou:
- Pode abrir pai, já estou nu.
O pai então teve que abrir, pois a lógica da criança entendeu que a senha era: ficar nu.
Pronto. Já tinha a senha

Fico pensando nos ruídos que temos em nossos relacionamentos pessoais, empresas, igrejas, sala de aula por desconhecer
a senha, ou entender e pegar a senha errada.
Definir papéis como - quem é meu diretor ou a quem me submeto, quem eu lidero ou quem se submete a mim, o que devo fazer, o que devo realizar, quais as minha responsabilidades.

Quando sabemos corretamente algumas destas questões - viver e trabalhar e caminhar com outros humanos fica mais fácil.
Sabemos a senha!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

CONVITE para reflexão e comentários.


Gente,
saí zonza e com muita dor de cabeça de uma igreja por causa de agudos excessivos e longos, com muita demonstração de excelente desempenho de destreza, conhecimento e improvisação jazzística (sem necessidade naquele evento, em outro seria bom) em um culto onde o artista, músico cristão, tocou cerca de 6 vezes, além dos cantos da congregação. Todas as apresentações não variavam muito nem em estilo e nem em andamento e rítmo. Compartilhei com meu amigo Isaltino isto entre outras coisas que estão me incomodando em termos de liturgia, e ele respondeu indicando o texto abaixo. Copiei todo o texto para que possa ser comentado neste blog. Deixe seu comentário, mas por favor leia o texto todo e entenda o que ele está querendo dizer. Vamos conversar por este canal. Estou lembrando de uma experiência feita com mamíferos sobre a nossa escuta e o que sentimos com mais conforto, mais isto é outro assunto e em outro momento posterior. O instrumento era um sax tenor e soprano, mas poderia ser qualquer outro.
Comente o texto abaixo.
grande abraço
westh ney
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A FORÇA DA IGNORÂNCIA
Preparado pelo pr. Isaltino Gomes Coelho Filho para o Encontro de Músicos, na PIB de Manaus, 15.11.08


Vivemos mesmo numa época de ignorância, de obscuridade intelectual e de irracionalismo. Infelizmente, a ignorância tem se tornando jóia cultivada neste país, e os mais pensantes são cada vez mais postos de lado. Quando um político de expressão nacional diz que livro é como academia de ginástica: a gente olha e foge, é porque a coisa ficou feia mesmo. O pior é que a ignorância é cultivada com arrogância. Parece que quanto mais ignorante, mais digno de crédito. E a espiritualidade evangélica tem se distanciado do pensar, que tem sido cada vez mais visto como ato carnal, quando não diabólico. A ignorância está em alta. Está difícil ser evangélico, também, hoje, a quem é pensante.

Ouvi no noticiário televisivo: um rapaz de vinte e poucos anos, gaúcho, estudante de Teologia na Bolívia, desapareceu nos Andes, quando fora escalar uma montanha de 6.300 metros. O rapaz não tem experiência alguma de alpinista, e ainda assim foi sozinho porque, segundo a mãe, queria ter uma experiência com o Espírito Santo, queria encontrar o Espírito Santo. Como achou que ele é boliviano e mora nos Andes foi fazer a escalada.

Com todo respeito: o que leva a uma pessoa a sair do Rio Grande do Sul onde há bons seminários, passando pelo Paraná, onde também os há, e ir estudar Teologia na Bolívia? Respeitosamente: desde quando a Bolívia tem expressão em ensino teológico? Este jovem não tinha um pastor que o orientasse? E o que leva alguém, sem experiência alguma, a escalar sozinho uma montanha de 6.300 metros para encontrar o Espírito Santo? De onde lhe veio a idéia de que numa montanha encontraria o Espírito? E como convertido e aparentemente vocacionado, ainda não encontrara o Espírito? O que ensinaram a este jovem na igreja e depois no seminário? Sei que a família está sofrendo e que é hora de consolar, mas não posso deixar de dizer: quanta gente tonta, sem noção das coisas, e usando a espiritualidade como pretexto para a falta de juízo! Mas isto é reflexo do cristianismo que pregamos e cantamos hoje em dia. Cantamos autênticos absurdos teológicos e que se chocam contra a Bíblia, e ficamos por isto mesmo. As pessoas não pensam no que cantam, mas se apenas o ritmo é bom, agitado e as faz sentirem-se bem.

Temos um cristianismo cada vez mais sem Cristo, e cada vez mais com o Espírito Santo, sendo que por Espírito Santo as pessoas entendem uma experiência extra-sensorial. Porque uma experiência com o Espírito aproxima mais de Cristo, pois esta é sua missão. O evangelho está se tornando um ajuntamento de sentimentos, sensações, experiências místicas. Culpo um púlpito que não é exegético e corinhos ingênuos e até tolos. Os muitos corinhos que enxameiam nossa liturgia nos fazem cantar tantas inconveniências que fico abismado que pessoas razoavelmente lúcidas em sua vida secular cantem aquelas letras. Boa parte delas é confusa, sendo difícil ligar uma linha à outra. Pessoas que são professores cantam tantos erros de português, em que “tua” e “sua”, que são pessoas diferentes, se misturam e por vezes nem se sabe quando se fala de Deus ou de alguma outra pessoa. Raramente se fala de Jesus, e quando se fala dá para notar que Jesus é cada vez mais um conceito para dentro qual as pessoas projetam seus sonhos de consumo ou de classe média, que o Redentor e Salvador. A linguagem é horrorosa: mergulhar nos teus rios, beber nos teus rios, voar nas asas do Espírito, subir o monte de Sião, estar apaixonado por Jesus, subir acima dos querubins, uma série de expressões que não fazem sentido algum. Mas os compositores estão acima da crítica, mesmo quando fazem coisas ridículas, como andar de quatro em público. E quem canta os tais corinhos se sente bem. E também não aceita correção. Quem tenta corrigi-los em suas heresias e tolices é vaidoso, carnal, fossilizado, etc. O que vale não é se o que se canta é certo, mas se faz bem. As pessoas querem se sentir bem e ter alguma experiência. O conteúdo do que se canta é irrelevante. Sendo honesto: não agüento mais cantar corinhos! Chamem-me de vaidoso ou pernóstico, que não fará diferença, mas a maior parte dos corinhos, mesmo que na nova semântica se chamem pomposamente de louvor, é uma ofensa a quem sabe ler e interpretar um texto e tem uma noção mínima de conteúdo da Bíblia.

“Eu tenho a força”, bradava He-Man. Uma força mística, não divina, mas uma energia cósmica. Parece-me que é essa força espiritual que as pessoas buscam. Eles não querem aprofundamento no evangelho nem estudar a Bíblia. Eles querem sensações e experimentar uma força. O evangelho está se diluindo no esoterismo que grassa no mundo atual.

Esta é uma palavra especial aos pastores e ministros de música, que julgo eu, são as pessoas mais responsáveis pelo que acontece e que podem mudar a situação. Quero alinhavar algumas sugestões e lhes peço, respeitosamente, que pensem nelas.

1. FUJAM DO COPISMO
Chacrinha dizia que “na televisão nada se cria, tudo se copia”. No cenário evangélico também. Há uma usina produtora de corinhos, de forma comercial, que massifica nossas igrejas. Nossos jovens cantam as mesmas coisas vazias em todos os lugares. Em várias igrejas se vê a mesma deselegância de adolescentes robustas, saltitando, num monte de véus, no que pretende ser uma coreografia, mas que mostra gestos descoordenados e deselegantes. Chega a ser triste de ver as pessoas saltitando sem habilidade e com uns gestos que nada têm a ver com o ritmo da música. E a gente fica sem saber o que fazer: se olha as jovens pulando, se pensa no que está cantando, se nota as figuras do multimídia, ou os erros de português das letras, ou ainda o embevecimento do chamado “grupo de louvor”, que volta atrás, repete uma estrofe (quando há estrofe), tremelica a voz, faz ar de quem está sentindo dor. Mas é o padrão na maior parte das igrejas. Parece um shiboleth. Quem não faz assim corre risco de ser execrado. Porque os detentores da verdade litúrgica inovadora são fundamentalistas: fora do modelo deles não há louvor nem espiritualidade. Mas eu pergunto: é preciso fazer tudo igual? Convencionou-se que sim, porque ser antiquado é uma ofensa inominável. E para alguns, fora do padrão corinhos e danças tudo é velharia e não há espiritualidade.

Se você é líder e não concorda, diga que não concorda. Não ceda por medo. Há pastores que têm medo de perder o pastorado e cedem a direção do culto aos jovens. Eles cantam, cantam, e depois se sentam e se desligam do resto da atividade, quando não saem do templo. Há um descompasso entre o que se cantou e o que se prega. Porque se canta um evangelho muito diluído. Há pastores que têm medo de perder o rebanho, massificado por este padrão, e o usam. Tenho ido a igrejas em que pastores ficam alheios aos corinhos (recuso-me a chamá-los de “louvor”), mas dizem-me candidamente: “Eu não gosto, mas o pessoal gosta”. Ele deixa de ser o orientador do povo e passa a ser um garçom que serve o que o povo gosta. Ministro de música também age assim. E também está errado. Se estudou música e passou por um seminário deve ter uma proposta de liturgia menos medíocre e que atenda a todas as faixas etárias da igreja. É sua responsabilidade. Nossos cultos estão sendo empobrecidos pelos corinhos. A música é de baixa qualidade e as letras são aguadas. Os corinhos são cada vez mais efêmeros. Ministro de música, não copie a pobreza musical e intelectual dos corinhos. Pensar não é pecado. E ser inteligente também não é. Se os “levitas” podem discordar dos que chamam depreciativamente de “conservadores”, por que nós, conservadores, não podemos discordar dos “mediocrizadores” da música evangélica?

2. O QUE A BÍBLIA DIZ?
Tudo na igreja deve ser submetido ao crivo da Bíblia, inclusive o que se canta. Os compositores não estão escrevendo uma nova revelação e estão sujeitos ao crivo da Bíblia. Devem ser humildes e não pensarem de si como oráculos de Iahweh. Quem queira subir o monte santo de Sião deve ler Hebreus 12.22-29 e ver que ele é um símbolo do evangelho, da igreja de Deus, e que cada crente já está nele. O monte Sião não tem nada para nós. Quem queira subir acima dos querubins deve ler Isaías 14 e verificar que alguém quis fazer isto no passado e foi expulso do céu. Quem cante “Quero ver a tua face, quero te tocar”, deve se lembrar que Deus disse a Moisés: “Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá” (Êx 33.20).

As primeiras declarações de fé da igreja foram expressas em cânticos. Muitas afirmações litúrgicas do Novo Testamento foram expressões teológicas que firmaram os cristãos. Lutero firmou a Reforma com suas pregações, seus escritos, mas muito mais com seus cânticos. São cânticos que ficam na mente e muita gente está subindo o monte porque canta isto. A igreja precisa cantar sua fé e sua fé está na Bíblia. Toda letra de cântico deve ser submetida ao crivo bíblico. O certo não é o que a pessoa sente nem se o que ela canta lhe faz bem. O certo é o que está de acordo com a Bíblia.

O conteúdo do evangelho foi muito definido: Cristo crucificado. Mas pouco se cantam Cristo e a sua cruz. Precisamos cantar o ensino da Bíblia. “Doce canto vem no ar com a primavera, Flores lindas vão chegar com a primavera, Lírios, dálias e alecrins, Violetas e jasmins, O sol vai brilhar, passarinhos vão cantar, Com a primavera”. O que isto tem a ver com Cristo, com a salvação, com a segurança dos salvos?

Temos abandonado a Bíblia como fonte de doutrina, trocando-a por revelações e sonhos de gurus. Temo-la abandonado como inspiradora de modelo gerencial para a igreja, assumindo padrões de administração humana. Muita pregação, mesmo com ela sendo lido, é apenas emissão de conceitos culturais, e sendo ela mero pretexto para o discurso. E temo-la deixado de lado como balizadora do que cantamos. A função do cântico não é distrair as pessoas nem fazê-las sentir-se bem no culto, mas ensinar as grandes verdades de Deus. O culto deve ser doutrinador, sim. Preguei num congresso de jovens em Manaus, e deselegantemente, o dirigente tomou a palavra após minha fala e disse: “Não me interesso por doutrina, e sim por Jesus”. Pedi o microfone de volta e fiz uma pergunta: “Sem doutrina, que Jesus você tem?”.

Com nossos cânticos atuais, não temos Jesus. Em muitos deles temos um espírito de grupo, uma cultura grupal ou um Espírito que mais se parece com a Força de He-Man que com o Espírito Santo. É preciso subordinar tudo ao crivo da Bíblia. O evangelho está se tornando cada vez menos bíblico e mais sentimental. Porque está faltando Bíblia.

3. NÃO DESPREZE SUA HERANÇA TEOLÓGICA E LITÚRGICA
O terceiro aspecto que abordo é este: não despreze sua herança teológica e litúrgica. Há uma tradição que engessa e que fossiliza. Mas há uma tradição que enriquece e que dá balizamento. O evangelho não começou agora. A igreja não surgiu há alguns poucos anos. Os momentos de louvor e adoração não foram criados agora. Muitos deles, no passado, deixaram marcas profundas de avivamentos que impactaram a sociedade.

Até agora caí de tacape e borduna nos corinhos, sem abrir espaço para reconhecer que alguns sejam bons. Foi de propósito. Creio que consegui um pouco de atenção. Creio que há cânticos bons e que trazem conceitos espirituais seguros. São coerentes, biblicamente falando. E respeitam a herança teológica do protestantismo. Porque este critério também tem valor: os cânticos estão reafirmando nossa fé ou modificando a nossa fé? Infelizmente, a maioria me deixa desconfortado: não os canto porque não expressam minha fé, a fé em que fui criado, a “bendita fé de nossos pais”, como diz um hino.

Nós temos um passado e não podemos fugir dele. A ignorância do passado leva a cometer os mesmos erros cometidos. Houve uma longa luta para firmar o cânon do Novo Testamento, e precisamos lembrar que é ele que interpreta o Antigo. Muita gente tem cantado o Antigo Testamento, mas nós somos cristãos. Nós cantamos a fé em Cristo. Se o Antigo Testamento é pregado, deve ser interpretado pelo Novo. Se o Antigo é cantado, deve ser interpretado pelo Novo. Estão querendo rejudaizar o evangelho, questão que a igreja já resolvera em Atos 15 e contra a qual Paulo escreveu a sua mais dura carta, a epístola aos gálatas. Somos filhos do Novo Testamento, e não do Antigo. Somos filhos dos evangelhos e das epístolas, e não de Salmos, embora Jesus os usasse. Mas seu próprio jeito de usar os salmos nos orienta: ele os reinterpretou em sua pessoa. Cantemos Jesus, cantemos a fé cristã e não meras sensações, cantemos a cruz, o túmulo vazio, o perdão dos pecados. Cantemos a Igreja, e não Israel. Somos cristãos e não judeus. Cantemos que “a cruz ainda firme está e para sempre ficará”.

Somos salvos pela graça por meio da fé em Cristo. Não somos salvos pelo Espírito Santo nem por uma experiência litúrgica. O Espírito é uma pessoa e não sensações: “O Espírito Santo se move em você com gemidos inexprimíveis” é algo sem sentido. Ele geme por nós, em oração, com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26). Mas não se move dentro de nós, com gemidos. O ponto central do evangelho é Cristo e sua cruz. Este é nosso tesouro teológico, herança à qual devemos nos agarrar. Qualquer cântico que deslustre isto, que diminua Jesus, que esmaeça a cruz, é blasfêmia. Não quero cânticos de auto-ajuda. Quero Jesus e sua cruz. Quem tem Jesus não precisa de muletas emocionais. Quero cânticos bíblicos, de acordo com a fé que uma vez foi entregue aos santos (Jd 3).

CONCLUSÃO
Sei que foi uma palestra dura. Não vou me desculpar porque o que eu disse é o que eu creio. Sim, estou cansado da ditadura litúrgica que me parece associada a um fundamentalismo: só nós sabemos o que é espiritual e vocês estão fora, são do passado, são frios, são formais. Eu me recuso a cantar bobagens com roupagem espiritual. E desafio vocês a restaurarem a liturgia com conteúdo, com ensino. Desafio-os a não cederem à força da pobreza litúrgica que nos avassala.

Há algo mais comovente e com mais conteúdo que “Castelo Forte”, “Aleluia”, “Amazing Grace”? Por que a ditadura dos corinhos? Por que, no natal, sou obrigado a cantar que quero voar nas asas do Espírito? Que os compositores de corinhos componham música de boa qualidade com letras de conteúdo, e ajustada às épocas, também. Os corinhos são monocromáticos. Dizem sempre a mesma coisa. Nunca ouvi um exortando à confissão de pecados, falando do natal, da dedicação de crianças, da semana da paixão, de missões, da Bíblia como Palavra de Deus. Tudo é igual: louvar, adorar, contemplar, sentir-se bem. Não permitam a monocromia, que é sinal de pobreza.

Escrevi, tempos atrás, um artigo intitulado “Quero uma igreja velha”. Esta palestra é um desabafo e um pedido de ajuda: “Socorro, quero um culto velho”. Com a Bíblia exposta, com solenidade, com cânticos com nexo, com os grandes hinos de nossa fé, com Cristo e sua cruz brilhando. Sim, estou cansado da liturgia atual, que é pobre e alienante.
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O Isaltino Coelho, o autor, é natural do Rio de Janeiro – RJ. Bacharel em Teologia pelo STBSB - Seminário do Sul, em Filosofia e Mestre em Teologia com especialização em Antigo Testamento. Autor de vários livros: Isaías; Jonas - nosso Contemporâneo; Teologia dos Salmos ; Obadias e Sofonias – nossos Contemporâneos; Ageu, nosso contemporâneo; Habacuque,nosso contemporâneo; O Pentateuco; A ética dos profetas e sua implicação para nossa época ; Neopentecostalismo, uma avaliação pastoral; Casamento, vale a pena acreditar; À igreja, com carinho.
Visite o seu site: http://www.isaltinogomes.com/ . Tem muitos artigos, estudos mensagens e documentos.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Culto cristão: comunhão e contemplação


PREFÁCIO

Este livro é fruto antigo de minha preocupação em estar fazendo a vontade de Deus e não brincar de ir à igreja. Leila, que também tem concentrado sua área de atuação no estudo e na elaboração de ordens de culto, sabendo do meu projeto, convidou-me para escrevê-lo juntas. Delimitamos, então, um espaço onde eu e ela mais atuaríamos. A mim coube a fundamentação e pesquisa bibliográfica e a ela a triagem e revisão, entretanto, nós duas trabalhamos a idéia do livro, bem como interagimos em todas as partes com dados, material, experiências e conhecimentos adquiridos. Como podem ver, não se trata de um livro segmentado ou compartilhado ou mesmo fragmentado (a definição destes termos está no livro), o fizemos a quatro mãos com o desejo de alcançar nossos alunos onde estamos – de seminários, congressos e igrejas – e nossa denominação batista.

Vale ressaltar que nós, os batistas, somos fiéis às Escrituras, e faz parte da comunidade quem é convertido pelo Espírito Santo de Deus e é batizado por imersão.
As igrejas batistas são livres, cooperando voluntariamente umas com as outras, mas sem um poder central. Trabalham no Brasil e no mundo com missões, evangelismo, educação teológica, religiosa e secular e ação social. As igrejas são agrupadas por bairros próximos, estados e reunidas em associações regionais, convenções estaduais e nacionais, como forma de melhor organização e apoio umas às outras. As resoluções destas convenções não exercem autoridade sobre nenhuma delas, funcionando apenas como sugestões ou apelos. Portanto não esperem que este livro seja um “manual litúrgico batista” para todo o Brasil. Um batista não age assim.

Nós acreditamos:

1º) Na Bíblia Sagrada é a única regra de fé e conduta; 2º) Na igreja é uma comunidade local democrática e autônoma, formada de pessoas regeneradas e biblicamente batizadas; 3º) Na separação entre igreja e estado; 4º) Na absoluta liberdade de consciência; 5º) Na responsabilidade individual diante de Deus; 6º) Na autenticidade e apostolicidade das igrejas.

Só a Bíblia é quem regula a fé batista, pois seus princípios registram a revelação que Deus fez em linguagem humana e sua interpretação sempre deverá ser trazida à luz da pessoa de Jesus Cristo e dos seus ensinos.

Da época que tive a idéia de escrever um livro sobre a música na igreja até hoje, muita coisa mudou. As liturgias são múltiplas, formais, informais, com ordem impressa ou não, os cultos (ou ajuntamentos) são organizados, desorganizados, reverentes ou não, para entreter, alegrar, resolver problemas, suprir necessidades. Há uma pluralidade tão grande que poderia ser transformada em algo positivo, o que não tem acontecido. Nisso tudo, uma coisa é certa: as pessoas estão compreendendo cada vez menos sobre a função de cada parte do culto e fazendo um “mix” entre conceitos ditados no Antigo e os do Novo Testamentos.

Precisamos pensar sempre no cristão de forma integral, se os cultos tem correspondido realmente a sua reação à ação de Deus em sua vida. Se não, vejamos na narrativa abaixo onde está o ponto destoante, que desagrega e não faz eco na alma que busca comunhão total com seu Criador:

Até os 34 anos ele nunca tinha lido a Bíblia, apenas uma italiana por causa dos quadros de arte e por ser ele um artista. Deus para ele sempre foi Poderoso e, sem saber como fazer, procurava por ele e até orava do jeito que sua alma ansiava. Não teve nenhuma formação cristã ou eclesiástica, a não ser um conhecimento sobre o espiritismo por meio da prática do seu pai, familiares e de debruçar sobre livros da área. Agora, passado quatro anos ele é cristão e membro de uma igreja batista. Entretanto, aprendi muitas coisas bem interessantes com ele.

No processo de sua conversão ficava intrigado com tantas práticas que são muito comuns para nós – aí reside o perigo que é acostumar, acomodar, ficar lugar comum e este livro trata sobre isto. A primeira vez que entrou em uma igreja ficou intrigado com aquelas letras que subiam e desciam da parede, e que parecia que não iriam parar nunca. Ele dizia que quando pensava que iria acabar a cantoria, começava tudo de novo. E ainda em pé. Grupos de “louvor” ele não entendia. Gosta de rock inglês até hoje, entende e tem uma coleção de CDs, mas dizia que queria ouvir uma música diferente do que ele sempre ouvia, desejava ouvir outro som. Com o tempo tenho percebido que é por causa da qualidade dos grupos que ouvia... Alguns pensam que tocam bem – não querem ensaiar, tocam mal – e não aceitam sugestão. Sobre isto vocês poderão pesquisar em Culto cristão: contemplação e comunhão sobre exemplos bíblicos de pessoas que foram convocadas para o trabalho musical porque eram capacitadas e entendidas.

Nos cultos muitas vezes ele indaga: “– Para que serve um prelúdio, um solo, porque tantos cantam e a congregação pouco?” Muitas vezes nem tudo está claro. As pessoas que estão “chegando”, crianças, jovens ou adultos, precisam entender para compreender e participar com entendimento, alegria e grande êxtase espiritual. Outra coisa que ainda o incomoda é o barulho excessivo dos instrumentos musicais.

Recentemente, me enviou um e-mail dizendo:
“– O que mais me incomoda quando estou cultuando é a ‘eletricidade’. Caros irmãos, vamos amenizar um pouco, pois vocês mais parecem guerreiros empunhando suas guitarras e alto-falantes de bailes funk abafando meu cantar e o dos meus irmãos! Não quero solos lá na frente cantando por mim, como também não quero grupos de louvores abafando o som da congregação. Eu quero cantar e ouvir a minha voz, harmonizando com toda a congregação. Vamos desplugar as tomadas. O que eu gosto no culto? Calma, melodia, introspecção e unidade na congregação. Desculpem-me se fui um tanto rude...”

Esse desabafo de um cristão que começou a engatinhar na fé e que busca entender cada ato executado no culto, nos faz refletir se realmente estamos na igreja participando como meros repetidores de fórmulas tradicionais ou das nem testadas ainda, fazendo do culto algo mecânico, ou se estamos em comunhão com o próximo, devotando nossa alma na contemplação de Deus com entendimento, honestidade, sem manipular as pessoas e com sinceridade de coração. Afinal, na intenção de Deus, nós fomos feitos para o louvor da sua glória!

Não precisamos tomar a forma do mundo, mesmo estando nele – “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos...” – caso contrário será a igreja no mundo e o mundo na igreja. Precisamos considerar que temos algumas pessoas acústicas e outras elétricas na nossa congregação. Daí a razão porque se deve buscar o equilíbrio no culto. Entretanto, as pessoas rotulam o equilíbrio e o recheiam com preconceitos como a não-mistura do "sacro" com o "não sacro" ou radicalizam no estilo como se dissessem: vamos-fazer-assim-para-atrair-os-jovens ou vamos-fazer-assim-para-os-jovens-não-saírem-da-igreja... E os mais idosos que construíram e permaneceram na igreja apesar de perseguições e dificuldades também precisam adorar ao Senhor com os hinos que sabem de cor, que fazem parte de sua identidade cultural e eclesiástica. A igreja é uma família com bisavós, avós, adultos, jovens, crianças, pessoas portadoras de deficiência, brancos, negros...

Culto cristão: contemplação e comunhão não está recheado de fórmulas mágicas e nem de “receitas de bolo”, muito embora tenhamos disponibilizado um vasto material auxiliar ao culto. Pretendemos que ele seja um “detonador de idéias”, fazendo com que você tome gosto por organizar os cultos semanais de sua igreja dentro do conceito que a Bíblia nos apresenta, mesmo que tenha que usar a ordem de culto de forma didática visando a melhor e maior comunhão dos fiéis.

Que Deus nos capacite e nos ajude a entender e viver num mundo tão plural!
Westh Ney Rodrigues Luz

*Culto cristão - contemplação e comunhão/Westh ney Rodrigues Luz e Leila Christina Gusmão dos Santos - Rio: JUERP, 2003


Vc pode enviar um pedido deste livro para westh.ney@uol.com.br
Preço promocional do livro R$22,00 mais taxa de correio.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

MÚSICA ANTIGA

1. Cantiga de Santa Maria
Grupo de música antiga da UFF

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Culto cristão - contemplação e comunhão

Sumário
Dedicatória
Apresentação
Palavra da AMBB
Introdução

Culto – Celebração da vida
Visão do povo
Visão de Kierkegaard
O que é adoração
O que é liturgia
Visão de Isaías
Ordem de culto – como elaborar Notas
Temas para reflexão e debate
Consulta a outros autores
Consulta a páginas da Web

Celebrando com canções
Cristãos – o povo que canta
Cantos no Antigo Testamento
Cantos no Novo Testamento
Os Salmos
A música e seu valor terapêutico
A mensagem que cantamos
A música no crescimento cristão
Notas
Temas para reflexão e debate
Consulta a outros autores

Celebrando Deus no meio de seu povo

A adoração antes do tabernáculo
A experiência do tabernáculo
O templo
A igreja primitiva
Notas
Consulta a outros autores
Fixação da aprendizagem

Ferramentas auxiliares ao culto cristão
Ordens de culto
Encadeamentos de temas
Leituras bíblicas alternadas com hino
Dicas gerais

Referências bibliográficas
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Este livro pode ser pedido no end. westh.ney@uol.com.br ou na recepção do prédio de música do Seminário do Sul, STBSB - Rua José Higino 416, Tijuca, Rio, (021) 2570-1833. Também pode ser adquirido nas antigas lojas da Juerp ou no site dela: http://www.juerp.org.br ou http://www.ebd-1.com.br

* Culto cristão - contemplação e comunhão/Westh ney Rodrigues Luz e Leila Christina Gusmão dos Santos - Rio: JUERP, 2003

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

CANTAR A PALAVRA


Gostaria de pensar no músico que trabalha em nossas igrejas - cantor, ministro, diretor de departamento, instrumentista. Muitos de nós estamos trabalhando em "programas". Culto já foi longe a idéia. Enfeitamos com muitas coreografias, encenações, todos se sentindo num palco, a congregação parada ou paralisada olhando como expectador "passivo". A referência bíblica é apenas um pretexto.

Os coristas muitas vezes estão cantando e muitos não compreendem a mensagem do que estão transmitindo. Alguns não são crentes, outros não são participantes em áreas da Igreja, não estudam a Bíblia em nenhum momento, não mantém comunhão com Deus.

O preparo que certamente um pastor deve ter, o Ministro de Música, os coristas, instrumentistas também devem ter. Estou falando da caminhada diária com Deus. Como falar ou cantar em nome de Deus se a comunhão com ele já vai bem longe...

Por último - este assunto vai longe - quero ressaltar que além do estudo da Palavra deve sempre considerar importante o desenvolvimento técnico. Muitos estão se contentando com o Curso do Seminário ou com os estudos que fizeram há 15, 20 anos atrás, na igreja ou particular . Mas em música há muito que aprender sempre, sempre... Não podemos deixar que as obrigações nos empurrem para um ativismo tão grande que sejamos tentados a continuar realizando as mesmas coisas que já dominamos, sem guardar tempo para nós mesmos em reciclagem, pesquisa, cursos.


Não tenha medo de se expor, freqüente cursos, festivais de música, volte para a Universidade. Estude! Estude! Ore. Estude a Bíblia. Estude harmonia, análise, canto, regência. Será que você depois de tanto tempo já não está cheio de vícios e precisa aprender tudo novamente?
Pense!

Westh Ney Rodrigues Luz


Calendário sugerido para eventos em geral 2

JANEIRO
01 Dia da fraternidade ou confraternização universal
04 Dia do Hemofílico
06 Dia da gratidão /do mensageiro
07 Dia do leitor / da liberdade de culto
08 Dia do fotógrafo
09 Dia do astronauta /
11 Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos
12 Dia do contador
14 Dia do doente
15 Dia mundial do compositor / dos adultos
20 Dia do farmacêutico / fundação da cidade Rio de Janeiro
21 Dia mundial da religião
24 Dia da previdência social / nacional dos aposentados / da constituição
25 Dia nacional do carteiro / do farmacêutico
27 Dia do orador
28 Dia do portuário / mundial do hanseniano
29 Dia do jornalista
30 Dia da saudade
31 Dia do mágico / mundial da solidariedade

FEVEREIRO
01 Dia do publicitário
07 Dia do gráfico
09 Dia do Zelador
10 Dia do atleta profissional
11 Dia do zelador / Mundial do Enfermo /
13 Dia Nacional do Ministério Público
14 Dia da Amizade
16 Dia do Repórter
19 Dia do esportista
23 Dia do Rotaryano
23 Dia do Surdo-mudo
24 Dia da constituição
27 Dia nacional do livro didático / dos idosos

Organizado por Westh Ney em 1999 para aulas de Ministério de música/Gestão da música na Igreja, no Seminário do Sul e publicado alguns anos depois na Revista Louvor
Aproveitem alguns destes dias e que tenha relevância para a sua comunidade e criem algum movimento que possa abençoar outros.
abs
westh ney