quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Os braços, as mãos e os acenos saudosos


Gente, 
sempre visito minha mãe que mora bem longe, apesar de morarmos na mesma cidade, no Rio. Ela fica na janela do seu apto me vendo ir embora até eu sumir e dobrar a esquina. Toda semana estou lá. Quando vou embora, depois de pedir a bênção, caminho até o ponto do ônibus e dou meu primeiro aceno ainda no portão do prédio. Atravesso a rua e vou caminhando uns 300 metros até dobrar a esquina. Vou parando e olhando para sua janela (4º andar) e lá está ela com seus cabelos brancos e bonitos esperando para acenar. Sempre é assim a minha despedida. 
Hoje foi um destes dias.
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Hoje não pude deixar de lembrar da dor de um pai - o pedreiro que ontem ao acenar para seu filho único de 26 anos, como sempre fazia enquanto ele atravessava a passarela, sem imaginar que seria seu último balançar de braço com toda o significado que isto tem ao vê-lo despencar e ser atirado dentro do canal que levaria a sua vida. 
Que dor, que tragédia!
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Neste momento pensei em minha mãe que já perdeu sua filha caçula, netos e genro de uma forma trágica e pedi ao Senhor que a poupe de ver isto novamente.
Deus console e cuide deste pai e mãe que viam no Adriano de Oliveira (nome do jovem) um motivo de orgulho. Dizem todos da comunidade que ele era o orgulho dos seus pais que muito fizeram por ele e o único da família a ter um curso superior. A dor de ver um filho morrer enquanto sai para seu trabalho cotidiano, diante da rotina diária de acenar para seu querido é de doer o coração.
Hoje acenando para minha mãe doeu meu coração por aquele pai. Não posso nada diante desta tragédia, mas escrevo isto lembrando que a vida é breve e que nos pequenos - ou nem tão pequenos - atos de braços, acenos e abraços, que estes sejam cheios de amor e ternura.

Abraços para todos
westh ney rodrigues luz